sexta-feira

Crítico Compara Perfume Opium à Feijoada

Do estadao.com.br

De tanto ficar exposto a essências aromáticas, Chandler Burr, crítico de perfumes do The New York Times, admite que já quis "comer" perfume. E só sossegou quando achou um chef disposto a transportar a essência de uma fragrância para o prato, James Sakatos, do Carlyle. Desde então promove, com diferentes chefs, jantares perfumados. Os "scent dinners" são compostos por dois menus: um invisível e outro comestível. Em entrevista ao Paladar, de Nova York, Burr arriscou umas palavras em português e elogiou a feijoada. Elogio aceito, desafio feito: e se a feijoada fosse um perfume, qual seria? "Talvez os temperos desse prato delicioso lembrem Opium, de Yves Saint Laurent." No fim da conversa, o especialista aceitou o convite e vem ao Brasil para o Paladar Cozinha do Brasil, que começa em 30 de julho.

Por que você teve vontade de "comer" perfume?

Um perfume costuma ter entre 30 e 60 ingredientes. Quanto mais "comida" (baunilha, chocolate, canela...,) tiver, maior a chance de ser "delicioso".

Como funciona o jantar cheiroso?

São "dois" jantares. O primeiro, invisível e olfativo, eu sou o chef: apresento as essências que compõem o perfume, separadamente, depois o perfume. O segundo menu é gustativo, e o chef cria pratos com sabores parecidos com os aromas do menu olfativo.

O que é um perfume gourmet?

É feito com ingredientes comestíveis, como extrato de baunilha, chocolate, açafrão, cardamomo, uma fragrância que "pareça comestível".

Qual o grande perfume gourmet?

Shalimar, criado em 1925 pela Guerlain. Foi um dos primeiros perfumes a usar baunilha, na época uma revolução, porque ninguém tinha usado ingredientes comestíveis num perfume antes. Eles cheiravam a flores e raízes.

Como se interessou por cheiros?

Um dia, na Gare du Nord, em Paris, esperando o trem, comecei a conversar com um homem muito interessante. Coincidentemente, era Luca Turin, um biofísico genial que estudava cheiros. Escrevi um livro a respeito, O Imperador do Olfato. Isso me levou a escrever um artigo para a revista New Yorker, um para o NYT e acabei virando o crítico de perfumes do jornal. / C.B.

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